Finanças

Juros elevados nos EUA reforçam riscos para o Copom

A estabilidade da taxa de juros dos EUA em 5,5% e a queda da taxa Selic para 12,75% tem um efeito prático imediato, que é a redução do diferencial de juros entre esses dois mercados.

Isso é o que contribui para a depreciação da taxa de câmbio local, com efeitos rapidamente convertidos na expectativa de manutenção desse fator de pressão sobre a inflação brasileira.

Mas, obviamente, este é apenas um dos vários fatores de interação entre os movimentos destes dois bancos centrais.

A Reserva Federal agiu de acordo com as expectativas, mas isso não significa que não irá apertar novamente a política monetária, se necessário.

Além disso, o Banco Central Americano reduziu o “orçamento” de cortes esperados no próximo ano de quatro para dois (menos 50 pontos base), dando aos agentes mais convicção de que a política monetária ali permanecerá restritiva e por mais tempo, talvez, do que o esperado.

O mundo pós-pandemia mudou dramaticamente. Os estímulos ao crescimento adoptados durante este período – os maiores desde a Segunda Guerra Mundial – transformaram-se em esforços incríveis para conter a inflação global.

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No caso americano, as taxas de juro em níveis não vistos há 22 anos e uma inversão, ainda que muito lenta e gradual, dos instrumentos inéditos adoptados pela Fed.

Bem como pelo BCE e pelo Banco de Inglaterra, na crise financeira de 2008, como o retorno das compras de títulos do Tesouro e títulos hipotecários, aumentando ainda mais o gigantesco volume desses títulos em seu balanço.

Esta estratégia manteve as taxas de juro longas nos EUA em níveis muito baixos, juntamente com o também sem precedentes nível zero da taxa de juro básica.

A combinação da resiliência do crescimento dos EUA, mesmo neste cenário de reversão das políticas de estímulo, com o choque inflacionário (mesmo já tendo abandonado o seu pico de pressão).

E a menor absorção no mercado de títulos do Tesouro pelo Fed aumentou, para máximos perto de 15 anos, essas mesmas taxas de juros longas americanas.

Com notável impacto na desvalorização do real e na elevação da curva de juros local — impondo mais cautela à política monetária brasileira.

Portanto, não há dúvida, comparativamente ao passado recente, de que o cenário externo tornou-se mais adverso; Esta é uma questão de paz para os analistas.

A Fed enfrentará o esforço contínuo pela estabilidade de preços, um dos braços do seu mandato (o outro é o pleno emprego), e deverá manter-se vigilante e com uma política que não retornará ao que foi, exoticamente, praticado nos anos pandémicos.

Mesmo aqui considerando os ganhos já alcançados no front inflacionário ao longo do ano, e com o mercado de trabalho retornando a níveis mais correlacionados ao seu comportamento histórico.

E há o cenário para o petróleo. A commodity, que contribuiu para a desinflação dos preços da energia nos primeiros meses do ano, voltou a subir para patamares superiores a US$ 90 por barril.

Na comparação anual, como o barril chegou a US$ 122 no ano passado, na esteira da Guerra da Ucrânia, o que foi um fator positivo para a inflação no primeiro semestre deste ano tornou-se no mínimo neutro, caso os preços permaneçam próximos a esse patamar.

Para o Brasil, esse cenário se soma ao fim dos estímulos fiscais aos combustíveis e à defasagem em relação aos preços internacionais.

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Além disso, a esperada política fiscal expansionista no próximo ano poderá ter impacto tanto na pressão sobre a procura como nas expectativas dos agentes.

Lembrando que, entre vários motivos, esta é uma variável explicativa do crescimento da massa salarial e da queda do desemprego.

A ancoragem das expectativas também é um dos pontos mais importantes do modelo de política do Copom, e os agentes projetam um IPCA acima da meta de 3,86%, ante a meta de 3%. Pode haver, portanto, espaço apertado para redução da Selic bem abaixo dos dois dígitos, à vista.

Não há um único movimento a ser tomado para dar xeque-mate nos desafios da política monetária americana e brasileira e talvez o resultado mais óbvio esperado pelos analistas sejam taxas de juros ainda mais altas.

E uma desaceleração do crescimento nos próximos anos para níveis mais comedidos, talvez mais alinhados. com o potencial destas duas economias. Receba mais notícias atualizadas em nosso blog rede das dicas.

Thiago Silva

Olá, Muito prazer! Sou Thiago Silva um dos escritores deste blog, empresário, investidor e empreendedor.

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